Edição da imagem da decisão judicial: Oberdan Pacheco
A Cachoeira do Label, maior queda d’água da região Centro-Oeste, foi reaberta ao público nesta terça-feira (22/5). A cachoeira estava fechada à visitação desde 19 de abril, por causa de uma disputa por terras em São João d’Aliança, município de Goiás. A justiça revogou a liminar que impedia os sócios Marcello Nissen e Leonardo Clausi, proprietários da fazenda onde se encontra a cascata, na reserva Bellatrix, a realizar atividades turísticas no local.
O local, que chegou a receber cerca de 2 mil pessoas durante o período da Quaresma, foi fechado após uma decisão judicial favorável a Márcio Roberto Guimarães, proprietário da Fazenda Sucuri, de 600,22 hectares de extensão. O fazendeiro argumentava que era o dono da terra onde está localizada a cascata, já que o Córrego Extrema, ponto de origem da Cachoeira do Label, estaria localizado em suas terras. As alegações de Guimarães também faziam referência à utilização irregular de passagens de visitantes e à falta de sinalização adequada para o acesso ao local.
(foto: Ion David/Travessia Ecoturismo)
A liminar concedida ao fazendeiro proibia as atividades comerciais no local por Marcello Nissen e Leonardo Clausi, sócios do empreendimento. Nissen, no entanto, argumenta que as alegações do autor do processo não condizem com a realidade praticada na reserva. “Sempre respeitamos a população local. Nos locais de passagem pelas porteiras dos vizinhos, por exemplo, instalamos placas instrutivas com a orientação de manter sempre as porteiras fechadas”, explicou.
A revogação da liminar dá mais tranquilidade para a execução de projetos e obras de melhorias no local, de acordo com o empresário. “Tivemos sérios prejuízos na pausa das atividades do preparo de plantios e reflorestamento, além da execução de obras de melhorias nas estruturas de recepção”, desabafou Marcelo Nissen.
Segundo o empresário, muita gente que se programou para conhecer o local teve que retornar para casa sem apreciar a melhor parte do passeio — a belíssima cascata de 187m. “Por falta de informação, muitas pessoas se frustraram ao decidir visitar a cachoeira do Label e ter que retornar para casa sem alcançar seu objetivo”, lamentou.
Patrimônio da humanidade
Marcello Nissen e Leonardo Clausi alegam que compraram a fazenda onde se encontra a cachoeira em 2016. Denominada reserva Bellatrix, o local foi provido de infraestrutura turística e, em 29 de janeiro, a cachoeira foi oficialmente aberta ao público. Somente nos 40 dias do período da Quaresma, de 14 de fevereiro a 29 de março, o local recebeu cerca de 2 mil visitantes, contribuindo, assim, para o crescimento da economia de São João d’Aliança, município de pouco mais de 12 mil habitantes, localizado a 152 km de Brasília.
Os empresários argumentam que todos os rios e cursos d’água do Brasil não pertencem aos proprietários de terras, e sim à união, e reconhecem a Cachoeira do Label como um patrimônio da humanidade. “Por isso, estamos criando no local uma reserva particular do patrimônio Natural (RPPN), que é um título irrevogável transformando a terra em uma reserva permanente”, disse Marcello Nissen.
A visitação livre e desordenada pode gerar danos irreversíveis à natureza e gerar riscos de vida às pessoas, segundo Nissen. “Para a visitação, temos duas preocupações principais, que são os impactos gerados ao meio ambiente e a segurança das pessoas envolvidas. Adotamos requisitos de uma norma técnica ABNT ISO 21101 – sistemas de gestão de segurança -, onde prevemos a visitação no plano de manejo e cobramos uma taxa de visitação que nos ajuda a arcar com parte das despesas geradas”, enfatizou o empresário.
Maior cachoeira do Centro-Oeste, a Cachoeira do Label é uma das melhores atrações de lazer da região. A queda-d’água da cachoeira tem 187 metros, 19 metros a mais do que o Salto do Itiquira, em Formosa, até então considerada a mais alta de Goiás. A visitação pode ser feita diariamente, das 7h às 17h. “Recomendamos a entrada no local até às 13h, no máximo, para um bom aproveitamento do passeio”, disse Marcello Nissen.
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