Um casamento na trilha
Antes de sair para a Pacific Cest Trail (PCT) – sim, aquela do filme/livro ‘Livre’ – Claire Henley orou a Deus que lhe guiasse para o seu marido. E teve a prece atendida. Ela conta essa e outras histórias em seu blog, Trail Traveler.
“Hikers dizem que um dia na trilha é como um mês na vida real. Na trilha as conexões entre as pessoas são tão instantâneas, cruas e verdadeiras que depois de apenas alguns dias caminhando com uma pessoa, você sente como se a conhecesse há anos”, frisa Claire que encontrou Big Spoon, o noivo, em um trecho da trilha. Depois de 2 semanas, na altura da cidade de Wrightwood eles já sabiam o que queriam: casarem-se. “Big Spoon e eu já sabíamos intelectuamente, espiritualmente e emocionalmente que estávamos destinados a ficar juntos”.
Eles seguiram caminhando e planejando a ‘logística’ do casamento. Era preciso arrumar as documentações para oficializar a união e num barranco de areia, protegido do vento, o noivo pegou seu telefone para ligar para escritórios que pudessem ajudá-los a conseguir a licença para casar. Eles correram atrás do documento e de uma carona para chegarem ao local do casamento, já no dia seguinte, na última sexta-feira (22).
Antes disso, mais telefonemas: agora para os pais! “Sentamos em uma cerca de madeira desbotada perto de um estacionamento. Discamos primeiro para minha mãe. Ela estava no trabalho e quando eu lhe dei a notícia, a primeira coisa que ela disse foi ‘Estou chocada’, conta Claire acrescentando que disse à mãe que haveria uma cerimônia formal de casamento na volta para casa, em Chattanooga, no Tennessee, planejada em outubro, quando devem terminar a trilha.
A mãe entendeu que eles não queriam esperar quatro, cinco meses para começarem a vida juntos e lhe disse: “Bem, querida, eu acho que não estou surpresa. Eu disse que você iria encontrar seu marido na PCT”. Em seguida, Claire ligou para o pai que teve uma reação amorosa. Big Spoon pediu a mão de Claire durante a ligação.
Com os pais e avós do noivo a conversa foi mais curta, cheia de alegria, apoio e amor.
O ‘Sim’
Naquela noite, no meio do acampamento de barracas, eles sentaram-se à grama, sob o céu estrelado e leram uma carta que Claire havia escrito num pedaço de papel do seu diário. Nela ela falava que sabia que se casaria mais rapidamente que a maioria dos casais, mas que acreditava que este casamento seria duradouro e que seria fiel e amaria o esposo até que a morte os separasse. Ali o noivo ouviu o ‘sim’.
O vestido e as alianças
Na manhã seguinte ao pedido ‘oficial’ de noivado, ao nascer do sol, Claire conta que foi se arrumar: “Eu jamais pensei que fosse me casar vestida daquela maneira: eu usava uma camisa branca manchada de suor e sujeira com areia do deserto; meu nariz estava queimado e meu lábio inferior dividido, aberto e rachado. Eu não tinha maquiagem. O que fiz foi amarrar meus cabelos em uma bandana. O sutiã – esportivo – que eu usava era vermelho, meus tênis eram novos; a pulseira feita com uma corda trançada roxa me foi emprestada por Pandora [testemunha e dama de honra encontrada na trilha] e meus brincos em forma de coração eram azuis”.
Ao serem perguntados sobre as alianças Claire apresentou uma pequena rocha colorida que encontrou perto do lago Silverwood, “a rocha sólida para simbolizar o casamento sólido no qual estamos entrando”, disse ao noivo. Para sua surpresa, Big Spoon carregava um pequeno anel de diamante herkimer, dado por sua mãe.
Claire carregou seu buquê de rosas sobre a mochila. Ela e Big Spoon agora trilham caminhos à dois.
Fonte: Mochila Brasil, por Claudia Severo
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